Contrariamente ao que está a acontecer noutros países, as empresas portuguesas não desistem do teletrabalho.
Depois do trabalho à distância se ter tornado a regra durante a pandemia de COVID-19, o trabalho a partir de casa está a enfrentar uma reação negativa, com várias empresas a pedirem aos seus empregados que regressem ao escritório.
“O que está a acontecer agora é um processo de renegociação entre os empregadores e a sua força de trabalho em termos de como será o trabalho remoto no futuro”, afirmou Mark Stuart, professor da Leeds University Business School, à Euronews.
Embora haja trabalhadores que nunca puderam trabalhar à distância, os que puderam experimentar trabalhar remotamente apreciam o facto de não terem de se deslocar para o trabalho, de reduzirem os custos de deslocação para o escritório e até de terem um melhor equilíbrio entre a vida profissional e a vida pessoal, afirma Stuart.
Mansoor Soomro, entusiasta do futuro do trabalho e professor sénior de Sustentabilidade e Negócios Internacionais na Universidade de Teesside, no Reino Unido acredita firmemente que o teletrabalho veio para ficar.
“As pessoas mudaram-se e não querem deslocar-se”, afirmou em entrevista à Euronews. “As pessoas adaptaram-se à flexibilidade recém-descoberta e não querem abdicar dela”.
Em Portugal parece que o teletrabalho veio para ficar
As empresas em Portugal não parecem caminhar para um regresso ao escritório. É isso que sinalizam os dados oficiais e também as 12 companhias ouvidas pelo Expresso, que apontam resultados positivos ou nulos para a produtividade e um incremento substancial na motivação e satisfação dos trabalhadores.
No segundo trimestre deste ano, cerca de 908,9 mil trabalhadores em Portugal, representando 19,3% da população empregada no país, estavam em regime de trabalho remoto (total ou parcial), segundo os últimos dados do Instituto Nacional de Estatística (INE). Isto significa que exerceram atividade a partir de casa com recurso a instrumentos das tecnologias de informação. O número coloca o teletrabalho no país em níveis muito próximos dos registados durante a pandemia de covid-19.
As empresas não conseguem recrutar sem teletrabalho
O trabalho remoto ou pelo menos híbrido é uma exigência dos candidatos a emprego para começar a negociar uma proposta de trabalho. Neste momento, é tão determinante como o pacote salarial que é oferecido pela empresa e já tem tanto ou mais peso, dependendo da função, do que o plano de progressão na carreira que é oferecido pelo empregador. “Se o trabalho remoto ou híbrido não estiver em cima da mesa de negociações, grande parte dos candidatos a emprego nem sequer vai a jogo”, garante Nuno Troni, diretor da consultora de recrutamento Randstad.
Nuno acredita que, num mercado de trabalho marcado pelas dificuldades de contratação e pela concorrência cada vez mais feroz de recrutadores internacionais, “se a flexibilidade não fizer parte da equação, simplesmente não conseguem contratar”.
Fontes:
Artigo Euronews.
Artigo Expresso
Artigo Expresso